terça-feira, 16 de maio de 2017

Torcedores: a violência no transporte público nos dias de jogos

Lotação, lentidão e brigas entre torcidas organizadas dificultam a ida aos estádios em São Paulo.

Por Laís Oliveira*

Os torcedores que frequentam os estádios na capital de São Paulo enfrentam grandes problemas relacionados ao transporte público. Seja pelo difícil acesso, distância, horário dos jogos e principalmente pela falta de segurança.

Muito já se discutiu para que ocorra a mudança dos horários das partidas semanais, que fazem o torcedor se deparar com a pouca disponibilidade de transporte e o perigo do retorno tão tarde para casa, mas o grande impasse para que isso não aconteça é o direito de transmissão adquirido pelas emissoras. Com isso, elas não permitem a alteração em suas grades e definem tanto horário quanto quais jogos serão transmitidos.

Sobre a segurança, a CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) afirma, em seu site oficial, que realiza um esquema especial para dias de jogos em parceria com o Metrô e a Polícia Militar. Porém, as brigas e episódios violentos dentro das estações e terminais ainda são constantes e fazem diversas vítimas.

A corinthiana Kayanni Cardona, 21 anos, conta que nem foi ao estádio para assistir a um clássico contra o Palmeiras no ano passado. Preferiu ver em um bar e, ao voltar, usando o metrô se deparou com uma cena de assédio. "Depois do jogo, alguns palmeirenses estavam no vagão e beberam muito, então começaram a assediar fortemente uma menina que estava uniformizada com a camiseta do Corinthians, como eu, e sozinha”, conta.

Segundo o sociólogo Mauricio Murad, pesquisador da violência no futebol, em entrevista à Folha de São Paulo, desde 2010, foram 113 mortes relacionadas ao esporte no Brasil. De todos os crimes registrados desde 2014, apenas 3% foram punidos.

Os dados não são exclusividade dos estádios, se estendem ao transporte, já que, além de brigarem durante os jogos, os torcedores organizam confrontos antes e depois das partidas. “A segurança é pouca, principalmente por ser um período maior do início e final do jogo, cerca de 2 horas", afirma Kayanni.

A qualidade do transporte público já é outra pauta constante de debates do noticiário diário e o trabalhador que enfrenta diversas dificuldades para se locomover na cidade durante a semana vê o problema se intensificar quando tira um tempo para ver seu time do coração. “Em dias de jogos dependendo da linha, fica insuportável e muito lento, é um número muito grande de pessoas indo para o mesmo lugar”, diz Cardona.

Não é só na capital paulista 
As brigas de torcidas organizadas no transporte também se estendem para outros locais, de maneira tão brusca quanto as que ocorrem em São Paulo. Na cidade de Goiânia, capital de Goiás, a rivalidade entre a torcida do time que leva o nome do estado e a do Vila Nova também já gerou muitos atos de violência.

O torcedor Johnny Marques, 26 anos, livrou-se de um desses episódios, mas o que mais chama atenção é que ele não torce para nenhum dos dois clubes e estava apenas com uma camisa verde, que é a cor do Goiás, esperando o ônibus. ”Um torcedor veio em minha direção para conversar comigo e me alertar que a torcida organizada do Vila Nova estava entrando no terminal e era melhor eu ter sorte em meu ônibus chegar senão o pior aconteceria. Assim que ele me alertou, meu ônibus chegou e pude sair do local”, conta.

Normalmente os confrontos ocorrem nos terminais de ônibus e atingem muitos que não estão envolvidos com a confusão, com isso, as companhias responsáveis pela fiscalização junto a Polícia Civil tentam alternativas para conter e evitar os conflitos, porém, como em São Paulo, ainda não são de fato efetivas.

De certa forma essa sensação de insegurança e impunidade dos envolvidos afasta as famílias não só dos estádios, mas também do transporte no dia das partidas. “O caos causado por alguns torcedores impossibilita de ter tranquilidade em dias de jogos, ele faz você pensar duas vezes em sair de casa, os passageiros ficam à mercê de um grupo que acha que por estar com camisetas de times tem o direito de causar medo em quem está voltando para casa depois de um longo dia de trabalho”, comenta Johnny.

Mais histórias sobre transporte público em São Paulo em O amor entre os trilhos.
Mais sobre Esportes - clique aqui.

*Estudante do 4º semestre noturno de Jornalismo da FAPCOM.
Especial Perrengues e alegrias no transporte público de São Paulo na disciplina Redação Jornalística.

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